AFRICAN SPEARFISHING DIARIES - VOLUME 3

AFRICAN SPEARFISHING DIARIES - VOLUME 3
Comming soon...

Um companheiro a sério...

Sabado...

Meia noite e meia...festa de anos da noiva do Emiliano...

O barco para Domingo...ninguem preparou...o material para Domingo...ninguem preparou...a comida para Domingo...ninguem preparou...previsoes...ninguem viu...resultado?

Dois ensonados, num Domingo de chuva em Moçambique, ás cinco da madrugada, quando qualquer ser humano com juizo está na cama a dormir bem aconchegado, feitos loucos a preparar tudo para nao perder a maré...

O guarda do recepçao olhava para nós incredulo enquanto preenchiamos os livros e o quadro de registo de saida de embarcaçoes...

"Patrao vai saí???...com essa chuva???"...entre um sorriso e outro la desciamos o barco na rampa e aqueciamos os motores...

Tres loucos a bordo...o Emiliano, ressacado da festa, vitima de uma noite mal dormida a aturar as lambidelas do Boogie...o Jeito o nosso fiel barqueiro, ainda com sinais da babalaza (bebedeira cá na terra) de Sabado á noite...e eu cansado que nem burro em Domingo de feira e com uma soneira daquelas...

La fomos a caminho do azul...hoje estava decidido...era uma passagem na zona dos atuns dentes de cao...e depois ir caçar baixo que a disposiçao nao dava para mais...deitamo-nos no deck e fomos a dormir aos trambulhoes...

Com um ceu negro e uma chuva intensa os motores paravam anunciando a chegada á zona escolhida...foi levantar e começar a equipar...enquanto vestia o fato,uma alegre barbatana triangular cruzava a superficie mesmo em frente ao barco...optimo começo de dia pensamos...

Na primeira imersao constacto que a visibilidade nao estava má e com cerca de 15 a 18 metros era ate ideal para um dia de ceu tapado...o flasher a 12 metros deslizava e eu um pouco por cima...avisto duas sombras a vir do fundo e deslizo ao encontro delas...sao serras...persigo o primeiro ate onde posso e primo o gatilho...primeiro tiro falhado do ano...

De seguida é a vez do Emi...desce e ao passar pelo pinaculo, ja no topo decide descer ate ao fundo e capturar uma garoupa papagaio...ta feito o jantar dizia ele a bordo enquanto prepava-mos a proxima deriva...

Mais duas passagens e os atuns nao se anunciavam..ali o fundo vem dos 60, ate aos 26 no topo do drop...na ultima deriva deixei-me seguir pela coroa da baixa...um pouco ao fundo avisto uma sombra massiça num deambular vagaroso proprio da sua querença...é uma garoupa grande...ventilo bem pois o mergulho ainda é fundo e desço...colo a arma junto a mim pois o floatline por si so ja denuncia bastante a minha presença...ela ve-me e começa a dirigir-se para uma chapeleira de um buraco gigantesco mais á frente...estico a arma...aponto e deixo-me ir esperando aquele momento antes da fuga declarada em que sempre para para olhar para tras...aí está...primo o gatilho...um tiro perfeito na lateral, mas falho a zona mortal...ela arranca e eu aguento o mais que posso o floatline...subo e dou folga...puxo...subo e dou mais alguma folga...na superficie grito pelo Emi para me ajudar a agarra-la, áquela profundidade e naquele buraco iria ser um problema desentoca-la...um repiraçao...30 segundos debaixo de agua a puxar...e assim foi durante uns 15 minutos quando decidi começar a nadar para fora e a puxar tambem...conseguia ver que a dyneema do shooting line nao estava toda dentro...bom sinal...nao entrou...puxo...puxo e puxo...com o corpo e com a alma...enfim...ja esgotado ela sai e começa a dirigir-se para outro buraco...recupero o mais que posso do floatline e estou por cima dela...o Emi desce para rematar...e...falha o tiro...continuo a puxar e ao fim de uns 35 minutos e ja quase afogado la a arranco do fundo...
Subo a bordo completamente exausto enquanto o Emi e o Jeito tratam de a por a bordo e rematar...




Mudança de zona e seguimos para o Danae...com esta visibilidade estava o tempo ideal para trocar para a 130 com carreto e visitar as zonas com pargos...o Emi começava a ficar adoentado e o tempo nao ajudava nada...

Entramos na agua e na primeira deriva o Emi mata uma barracuda de forma irreprensivel...tiro e pronto...ja está...segunda deriva...pára...faz uma espera curta e entra um pargo de beiços...tiro perfeito na lateral e pargo a bordo...

Refeito da luta com a garoupa é a minha vez de descer...aposto numa espera junto ás caldeiras do Danae, o navio afundado que acabou por baptizar o baixo...estou a 12 metros e enquanto uma multidao de peixes coloridos se passeiam á minha frente, os meus olhos fixam o luciano la ao fundo...arma colada ao coral, corpo escondido atras da caldeira...aguardo...curioso vai entrando...entrando...levanto devagar a arma...aponto e atiro...o tiro sai perfeito na lateral atras da cabeça e como tal subo rapidamente sem folgar um centimetro pois se entra nos ferros...chapeu...consigo traze-lo comigo e com toda a confusao o Emi aproveita para capturar mais uma barracuda que veio ver o que se passava...



Há ja dois anos que temos uma aposta...quem apanhar o primeiro Red Snapper o outro paga um jantar...tem de ter mais de 5kg...estes bichos sao um pesadelo...nao ficam entocados...nao entram nas esperas...sao desconfiados...e quando o fazem fogem rapidamente ao minimo movimento...sempre que podemos vamos á zona onde residem e como sempre voltamos sem historia para contar...hoje...foi diferente...

Decidido a capturar um pois estava na lista de peixes para este ano la me ventilei o melhor que pude, retirei o alarme de um minuto do relogio para nao haver ruidos de fundo...e preparo-me para uma espera daquelas á Titanic...
Desço devagar...deslizo até ao coral e coloco-me de lado numa chapeleira onde uma garoupa atenta me observava la dentro...eles veem-me...circulam...circulam...e começam a descer...devagar...circulam de novo...o relogio no meu pulso marca agora 59 segundos...continuo imovel...chegam os primeiros...na casa dos 3 kilos...nem me mexo...ao fim de um minuto e vinte segundos entra o primeiro pargo de tamanho elegivel para um jantar á borla...deixo-o chegar-se e ja roxo de tanto esperar aponto e varo-o do lombo á barriga, ja de costas a fugir...subo com calma sob o olhar atento do Emiliano...o pargo leva uns metros de dyneema e vai entocar um pouco á frente...aparecem os primeiros tubaroes...dao uma passagem o Emi desce e afasta o maior...vao-se embora...ao subir infoma-me que o pargo nao entrou totalente mas que o tiro é pessimo...peço uma boia ao Jeito, tranco o carreto e coloco a boia presa aos elasticos a manter a tensao no peixe...o Emi passa-me a arma dele e la vou eu rematar o tal jantar...examino o peixe e esta de costas no shooting line...espero um pouco e remato-o com um tiro na cabeça....mais uma imersao e entro no buraco, recolho o arpao que estava entalado de esquina e regresso com ele nas maos...




Desta feita decidimos visitar a zona do drop a Sul...com algumas boas pedras e durante uma imersao de reconhecimento á meia agua avisto uma garoupa á porta do buraco...subo sinalizo ao Emi e ele diz-me que ja nao esta em condiçoes de ir la ao fundo mas que me me faz companhia na agua enquanto for necessario...ventilo calmamente e prometo a mim mesmo que esta so com um tiro mortal pois ja estou exausto tambem...durante a descida vejo um tubarao rondar...ajusto a trajectoria e ja quase no fundo aponto...a garoupa colabora e nao entra...tiro quase mortal...luta um pouco mas tiro-a para fora sem grandes problemas...subo e assim que chego á meia agua para e torno a descer para afastar o nosso recem chegado vizinho que estava prestes a almoçar á borla...assustado arranca para o fundo e la meto a garoupa a bordo...



No regresso passamos no Baixo 27, um "secret spot " que descobri acidentalmente quando tentava triangular a posiçao de um antigo cemiterio de boias Portugues da epoca colonial...

Dois Queens e um Fulvie para mim e o Emi ainda capturou um bom Xareu Dourado...





De regresso a Maputo la paramos para tirar umas fotos...infelizmente o Emi estava tao mal disposto que nem tirou fotos com o peixe dele...

Foi um dia pessimo com mar agitado e chuva intensa, mas divertido e bem passado e apesar do cansaço valeu bem a pena sair...

Um agradecimento e abraço especial ao meu companheiro Emiliano Finocchi que mesmo doente e com 39 graus de febre nao me abandonou durante a caçada...muito mais importante que o peixe é sem duvida um companheiro de caça á altura que nos acompanha de alma e coraçao e torna um dia de chuva numa saida de boa disposiçao e divertimento!!!


Abraços a todos e boas caçadas!!!

O primeiro mergulho do ano...

Longa ia a secura e a falta de mar fazia-se sentir ate na alma que por entre recordaçoes de peixes ja se indagava se ainda saberia o corpo nadar ou nao...

Perante tais duvidas existenciais o melhor mesmo é por tudo de molho com uma valente dose de oceano Indico e uns bons trofeus á mistura...

A companhia nao podia ser melhor pois na Segunda Feira tinha chegado o Miguel Furtado de Portugal, e á noite por entre um sashimi de serra (spanish Mackerel) trocavam-se palavras sobre feitos e guerras vindouras com aquele calor humido e abafado que exige umas boas Laurentinas (cerveja local) fresquinhas a acompanhar...

Terça de manha e ja um pouco tarde, reune-se a tropa no Naval e enquanto o barco desce mais uma vez a rampa pode-se sentir a anticipaçao da caçada por entre os olhos do Miguel...

O mar estava picado com uma Nortada a entrar nos seus 18 a 21 km por hora o que durante 40 milhas nao mata...mas moi!!!

Chegados ao Baixo 24, equipamo-nos e preparamos o material para aquelas batalhas epicas ja a sonhar com pelagicos de porte...o Jeito (o nosso Skipper) dá o sinal e entramos suavemente na agua, um a um, primeiro eu, depois o Mike e por fim a Eva com a sua Monopalma que veio conosco treinar umas apneias e tirar umas fotos caso a ocasiao se proporciona-se...

…desilusão total…

A visibilidade iria no maximo a uns 4 ou 5 metros, o que ali naquela zona está bem longe do saudavél...se é que me entendem...

Mudança de planos e resolvemos ir visitar o Baixo Danae que certamente estaria mais agradavel, e como a corrente nem se fazia sentir muito era o momento ideal para uma visita aos navios afundados...
Chegados ao Baixo peço ao Jeito para fazer uma deriva desde o drop interior até ao ultimo navio, passando pela bola de "fusiliers" (forragem que ali se junta) que se avistava como é costume...
Dito e feito aí estamos nós dentro de água, desta feita ja com uma visibilidade na cota dos 10 metros...apesar da baixa profundidade aposto em derivar com o flasher á minha frente o que naquela zona pode produzir resultados interessantes...

...a meio da deriva surjem algumas pequenas barracudas, deixo-me derivar mais um pouco e eis que me surje a primeira presa do ano...um excelente exemplar de barracuda...afundo calmamente, aproximando-me dela com alguma descrição tentando nao ser demasiado obvio...a barracuda mantem a trajectoria deixando-me aproximar o suficiente para um tiro perfeito na espinha...com ela ja de lado num tremer tipico dos tiros na coluna chamo o barco...sento-me a bordo e contemplo a minha primeira presa deste ano...



Na segunda deriva, o Miguel falha um pargo verde numa espera por entre papagaios, cirurgioes e unicornios que se juntam antes do drop numa bola de cores e movimentos lembrando um carrossel á meia água...

...a derivar por cima das caldeiras apercebo-me de um vulto bastante volumoso e desço para o interceptar...como é apanagio destes "senhores" assim que me sente inicia a sua retirada calmamente o que ainda me dá tempo para lhe colocar um tiro a meio corpo de lado a lado...o arranque é simplesmente brutal, o carreto vibra e corre assobiando como é tipico destes lances...apresso-me a chegar á superficie para agarrar a dyneema...assim que o faço sou puxado de uma forma violenta e arrastado sem qualquer hipotese de recuperaçao, passo pelo Miguel ao qual dou um tremendo encontrao pois largar esta completamente fora de hipotese..."mergulha, mergulha...dobra, dobra..." grito eu mas o animal da a volta de novo e ao fim de uns 3 minutos de boleia com o Mike a tentar apanhar-me eis que se consegue desferrar...com seguramente mais de 45 kilos este foi o primeiro Ignobilis perdido este ano...certamente outros virao...

…mais uma deriva e foi a minha vez de me debater com um bom pargo verde...infelizmente os elasticos enrolaram-se com o shooting line impedindo o carreto de funcionar, (a dyneema tem destas coisas ), e o pargo teimava em nao ceder nem um centimetro...o Miguel la em cima nao se apercebeu da cena e a mim restou-me largar a arma ja em fim de apneia e com 17 metros por fazer...durante a subida reparo que o pargo optou por se refugiar num buraco ali perto, levando consigo a arma e uns quatro tubaroes...
Ja na superficie chamo o Miguel para observar ao vivo as investidas dos nossos amigos cinzentos que se revezavam e tentavam insistentemente abocanhar o pargo ainda dentro do buraco...entretanto juntaram-se á festas mais umas tres garoupas entre os 30 e os 60 kilos...no meio da confusao o pargo tomou a pior decisao possivel e tenta fugir...o Miguel observava atentamente enquanto o desgraçado era estraçalhado em pedaços...nem dois metrops conseguiu andar...no meio desta confusao pedi ao Miguel a arma carregada e desci para capturar uma das garoupas....uma caida perfeita um pouco por cima daquele festival e um tiro certeiro...a garoupa, ferida foge imediatamente para o mesmo buraco de onde anteriormente saíu o pargo...e atras dela a comitiva toda...bem só visto...

O Miguel ja tinha a outra arma na mao que prontamente recuperou apos a confusao inicial e enquanto a carregava acabou por se afastar um pouco com a corrente...sozinho, agarrava agora a arma com o carreto ja trancado impedindo a garoupa de entrar mais ainda o que poderia tornar a extraçao uma verdadeira chatice...
Chamo pelo Miguel e pouco depois este surje mais a Eva...ventilo-me e desço para avaliar a situaçao...a garoupa estava acessivel mas ja tinha entortado o arpao, e os tubaroes nao paravam de circular...fiz-me a um e depois a outro com o intuito de os assustar...resultou...subo...ventilo...desço de novo, desta feita decidido em traze-la comigo...puxo-a devagar para fora...e subo lentamente com ela para nao causar muito alarido pois eram cerca de sete a rondar e se a garoupa tenta-se fugir de novo certamente iria dar confusao...passo a garoupa ao Jeito e sento-me a descansar um pouco depois de tal "tourada"...o Miguel estava deslumbrado com aquele circo todo o que para um caçador habituado ás lides Europeias certamente seria de esperar...



Findas as "danças com alfaiates" é tempo de tentar uns lucianos...rumo para dentro a uma zona onde sei que estarao...no estofo da maré é a altura perfeita para uma caida nos Ferros...a 20 metros de fundo e com uma visibilidade a rondar os 8 a 10 metros faço sinal ao Miguel e este deixa-se cair...pouco tempo depois desço tambem...páro a uns 2 metros do fundo e observo o cardume ja "tocado" pois teima em nao entrar...olho para o lado e vejo um luciano totalmente enrolado na estrutura de ferro...o Miguel tinha ferrado um...aguardo...aguardo...escolho um dos maiores e disparo...o tiro falha a cabeça e com o arpao na barriga vejo o meu peixe tomar o mesmo destino que o do Miguel...os ferros!!!
...resumidamente, ao fim de uns 40 minutos a desembaraçar dyneema la consegui tirar o ultimo peixe...isto com mergulhos repetidos a 20 metros deixa-me exausto e enquanto contemplo o meu luciano decido rumar para aguas mais baixas...




Chegados ao Cabeço e feito o pequeno briefing da zona o Mike mergulha junto a mim...deixamo-nos cair e á meia agua surgem os fulvies...faço sinal e o Miguel prontamente lhes dá uma perseguiçao que nem galgo atras de lebre em dias de corrida...ao ouvir o tiro olho e vejo-o a recuperar o bicho avidamente...metro apos metro ate o ter na mao e agarra-lo que nem mexilhao á rocha numa noite de mare viva...




Mais um mergulho e ferro noutro fulvie que se escapa para o fundo...a meio da recuperaçao sou subitamente puxado com uma violencia tipica daquela senhora...eis a Roalina em acçao...chamo o Mike que mergulha e regressa abismado com tal corpulencia..."...parece um porco gigante com barbatanas..." dizia ele...

Com um ignobilis em vista resolvo tentar a estrutura de fundo a 300 metros dali...de novo pequeno briefing e la vamos nós...

Desço ate á areia e deixo-me deslizar ate perto dos ferros da antiga torre que deixamos para tras...vejo tres...todos dentro do mesmo tamanho...afasto-me um pouco e sou imediatamente localizado...antes que o ultimo fuja arranco para dentro dos ferros e consigo um tiro a meio corpo ao qual o ignobilis responde com um enrolanço total cosendo literalmente a estrutura...a dyneema aguenta e apos longa recuperaçao de corte e costura la vem o bicho para cima...




Com o intuito de testar uns tiros longos com a nova arma, decido fazer-me aos pargos...desço pela estrutura encosto-me na periferia e espero...um pargo de beiços ronda a zona e sei que se o quero apanhar a espera vai ser longa...relaxo, deixo a arma junto á areia e aguardo...devagar aproxima-se e quando resolve virar subo lentamente a arma e tiro fatal...em cheio nos olhos...

Com um "look" um pouco Camoniano eis o meu quinto peixe do ano, um optimo exemplar de "rubberlip" ou pargo de beiços...



E assim foi o meu primeiro mergulho do ano...um regresso agradavel e em excelente companhia, com emoçao QB e muita diversao...

Um abraços a todos e boas caçadas...

Cronicas de 2008 - O ultimo mergulho do ano...

Há boa hora do costume...04:30 Am......alvorada e tá de pé que é cedinho que se começa o dia...estas coisas da pesca são assim, pois é bem cedinho que a "coisa" rende melhor nas baixas...
Uma banhoca, e um pequeno almoço depois ja estou no carro com o Emiliano para ir buscar o Jeito, o nosso skipper e o Francisco que ainda cá está em Moçambique...

Seis da matina e ta o barco na água, uns minutos para os motores aquecerem e la vamos nós direitinhos ao Baixo Danae...o vento soprava de Norte e com alguma vontade o que deixou os outros barcos em terra no Naval...o pessoal desistiu mas nós não...o que acabou por compensar pois por volta das 12:00 o vento parou...Chegados ao Danae a escolha foi o drop de dentro pois a maré vasava violentamente tornando aquela zona ideal para os serras e os atuns dentes de cão caçarem...
Ao chegar estava um bola mesmo por cima do drop...os passaros a cairem, os atuns bonitos a saltarem e nós a equiparmo-nos á pressa para nos juntar-mos á confusão...
Feita a primeira deriva e numa agua com maximo 10 metros de visibilidade, nao havia nada a registar...na segunda deriva acabei por falhar um serra que certamente teria cerca de 25 a 30 kilos, o animal até ia calmo e para nao o assustar optei por um tiro longo na casa dos 4 metros...nao faço a minima ideia como falhei mas paciencia...
No meio da confusão o Emiliano tirou um Ignobilis jeitoso que andava á meia agua a rondar a bola...



Conforme a corrente abrandava, decidimos visitar uma zona mais baixa no Danae para dar caça aos pargos e ás garoupas, junto de varios destroços de navios afundados...
Esta zona possui uma saudavel população de tubarões, desde os mais vulgares como Blacktip's e Greyreef's ao não tão simpatico Zambezi ou um ocasional Tigre...
Caçadores na agua e sempre á vista uns dos outros optei pela 130 carbono, 2x16mm + 7,5mmx170cm com floatline e boia de 11 litros rigida que na segunda imersão não falha uma cobia na casa dos 15 kg's a 4 metros, prontamente devorada por um Blacktip ja grandote que não me deu hipotese de a recuperar a tempo...enfim, restou-me desejar-lhe bom apetite...

Entretanto o Francisco tirou um pargo de beiços ou Rubberlip que o Emiliano prontamente desentocou e trouxe para cima...



Ao passar por umas chapas ja conhecidos perto da helice de um cargueiro afundado, vejo alguma actividade no fundo...desço e reparo que o Francisco ali ao lado estava a tentar meter um garoupão a tiro...a garoupa acaba por fugir para dentro da chaparia...aproximo-me e quando ela se vira para fugir dali consigo meter-lhe um tiro na parte traseira...a ideia era tranca-la mesmo ali dentro da chaparia...correu mal e o bicho arranca por ali a fora levando o floatline quase toda até á boia por dentro da chaparia, vindo a entocar num buraco a cerca de 12 metros de fundo...
Já juntos o primeiro a descer foi o Emiliano que espreitou de fora do buraco e trouxe más noticias...

"Está toda lá no fundo, aí a uns 5 metros da entrada..." ,

Desce o Francisco e ao ve-la assim tão "encastelada" afirma que dali não vai sair...

Bem apos ouvir isto desci eu mesmo para verificar a situação...entro dentro do buraco calmamente não vá andar nenhum alfaiate la dentro, e vou até perto da garoupa, devagar para nao a assustar pois se arranca dali para fora e me enrola...bem nem quero pensar nisso...

Consegui ver que está perto de uma outra entrada, esta muito estreita para a mesma sair mas perfeita para uma manobra usual nestas situações...mergulho e desço até á fenda traseira...lá estava ela de costas...intruduzo um arpao e pico-a de forma a que se mova mais para a entrada para um tiro mortal...
Desce o Francisco e já na superficie diz-me que ja não se encontra á vista naquela fenda...optimo penso eu...
Peço a arma de 90 ao Jeito...venti-lo...acalmo-me e sigo para o fundo...entro na galeria e vejo-a mesmo ali á entrada presa pela dyneema enrolada na rocha e pelo arpão dobrado em "V"...calmamente aponto á cabeça, ligeiramente atras e acima dos olhos trazendo-me memorias dos meros Lusos bem entocados...primo o gatilho e morte limpa...fica branca...devagar puxo-a para fora...não sai...
Desce o Emi para a tentar tirar e não consegue pois o outro arpão está preso e não cede um centimetro...no meio da azafama juntam-se por ali uns bons Blacktips, alguns já de porte e um convidado em nada desejavel...um Zambi que seguramente teria mais de 3 metros!!!
Desço de faca na mão, avalio a situação e decido cortar a dyneema...a garoupa sai sem problemas e fica lá o arpão todo dobrado como testemunha silenciosa do poder destes animais...



Posta a garoupa no barco volto a descer para libertar o floatline da chaparia...solto o cabo com calma e quando olha para a frente ali estava ele...e eu sem arma...estes encontros são sempre unicos...o animal estava a uns 2 ou 3 metros de nadando calmamente e a avaliar-me, nestes casos e sem nada nas mãos o comportamento frio e sem pressas é essencial...ele olhou para mim, eu avancei um pouco para ele e o bicho la se afastou calmamente...ao chegar á superficie o alivio é grande...em regra se não há peixe arpoado perto esta situação não representa perigo...mas com aquele tamanho acreditem que é um momento no minimo inesquecivel...

Um pouco cansados resolve-mos entrar e ir visitar as boias de marcação do canal...
Na primeira boia o Francisco tira duas barracudas, a primeira com um tiro perfeito e a segunda que acabei por dobrar mas sem necessidade pois o tiro até nem foi mau, mas dada a fraca visibilidade mas vale prevenir que remediar...



Boia 2 e é a minha vez de tirar uma Cobia que andava junto a um Ignobilis pequeno...tiro a meio e com o peixe a rasgar o Emi prontamente dobra com um tiro perfeito na cabeça...



Seguimos para o cabeço do Cockburn...primeira deriva...afundo numa corrente que rondaria os 9 a 10 nós, deixo-me segir pela meia agua e ao passar rente ao cabeço entra o cardume de Xareus Dourados, encolho arma, deixo passar uma barracuda mesmo á minha frente, escolho o maior e...tiro fulminante...
Segunda deriva o mesmo posicionamento...a mesma espero...o mesmo resultado...outro Xareu Dourado morto ao primeiro tiro...ali e com aquela corrente se o peixe nao for imediatamente "despachado" arranca para os ferros uns metros abaixo e enrola-se tornando a sua recuperação num autentico pesadelo...



Mais uma deriva e la vou eu de novo no expresso, desta feita os xareus entram mas nao disparo pois consigo sitinguir um vulto maior por trás...deixo-me cair até á areia a 19 metros e espero...ele entra calmamente e ao chegar a cerca de 3 metros de mim o tiro sai perfeito e fulmina o Fulvie logo ali...



Mudamos para os ferros da torre a cerca de 380 metros dali...primeira deriva e o Emiliano ferra um Ignobilis na casa dos 20 kilos...a Rosalina vem, agarra o Iggy pela cauda, leva-o para dentro dos ferros onde este se enrola todo para ser devorado de seguida inteirinho...com tudo enrolado, na deriva seguinte enquanto o Emi tenta recuperar o arpao dele eu ferro outro Fulvie e assisto ao mesmo espetaculo...resultado o meu arpao fica preso exactamente ao lado do dele e peixinho que é bom...na bocarra da Rosalina...
Algumas derivas entre mim o Emi e o Francisco la vêm os arpões todos tortos para o barco...resultado, ficamos reduzidos a uma arma de 130 nas maos do Francisco que como convidado iria continuar a caçar com ela e eu e o Emi la vamos feitos bravos de fisga aos crocodilos com as nossas 90 em punho...lol...
Na deriva seguinte opto por ficar rentinho á areia e do lado esquerdo dos ferros de onde saem dois Ignobilis...o primeiro passa rápido nao dando chance para um tiro mortal...o segundo pára o suficiente para lhe ferrar um tiro em cheio na cabeça, mas como é hábito destes "peixinhos" la vai direito aos ferros com toda a brutidade que lhe é apanágio...determinado a evitar o pior agarro-me ao cabo do carreto com unhas e dentes mesmo assim o Iggy consegue entrar la dentro, e á superficie ouço o Emi dizer-me que estava lixado com um "F" grande...lol...Decidido puxo ainda com mais força...engulo agua que me farto mas valeu a pena pois consegui afasta-lo dos ferros e evitar que se enrola-se...com cerca de 11 kilos e com um tiro em cheio na cabeça, este Ignoblis deu uma luta tremenda, arrastando-me para o fundo varias vezes...a força destes animais é de facto incrivel...

Tirado com uma 90 aqui fica a foto...


Ja estourados com e com uma jornada plena de emoções decidimos regressar a casa...
Foi uma saida em excelente companhia com muito trabalho de equipa e muita diversão...

Abraços a todos e boas caçadas!!!

Cronicas de 2008 - Caçada com o Francisco Lisboa...


Após duas semanas de estar doente, a falta de mar já começava a complicar com o sistema nervoso......comichoes aqui, irritaçoes ali, enfim as enfermidades do costume em situaçoes de secura em terra por mais de uma semana...
Na quinta chegou o Francisco Lisboa de Portugal, jovem calmo, de excelente conduta, habituado aos mares Açoreanos e já com alguma speças de porte no seu reportorio.
O Francisco já cá tinha estado mas nunca tinha caçado por falta de companhia para estas lides...
Na sexta trocamos algumas ideias sobre caça e afins e Sabado de manhã la estavamos todos a bordo do Pompano para mais uma aventura...eu, o Emiliano, o nosso skipper Jeito, o Francisco e o seu amigo Andre...este ainda de directa da noite anterior...hehehe...
O vento ate colaborou durante a manha, proporcionando um mar calmo e sereno, no entanto as chuvas dos ultimos tempos e o vento Norte dos dias anteriores fizeram o pior arrefecendo a agua no fundo e sujando-a completemente, baixando a visibilidade para 10 metros o que dificulta bastante este tipo de caça em fundos com cotas dos 20 metros para baixo...
Rumamos para Norte, onde começamos a caçada no navio afundado cuja a parte mais baixa esta a 14 e a mais funda a 24...A zona revelou-se fraca em peixe e após uma caida perfeita em cima de um pequeno grupo de barracudas com um tiro nao menos perfeito na maior acabamos por rumar para a zona da Boia Perdido em busca de aguas mais produtivas...
De-mos de caras com uma serie de bolas onde tentamos a nossa sorte...a mim fugiu-me um serra na casa dos 25 kilos, ao Emi a mesma coisa, (se calhar ate era o mesmo), o Francisco continuava a zero...um pouco depois acabei por capturar um serrita que entrou ao flasher e ainda deu para uma perseguição divertida...
Deixamos as boias e rumamos ao B24...mais derivas no azul e nada....
Baixo Danae, de novo agua suja...e nada...enfim decidimos começar a entrar e tentar as boias e outros locais mais dentro...
Nas boias apanhei um golden na casa dos 10 kilos, a malta infelizmente não "facturou"...De volta ao Cockburn, na primeira deriva o Emi perdeu um Ignobilis na casa dos 20 a 30 kilos, que fugiu para os ferros e cozeu literalmente a estrutura com o floatline...apos muito dar á barbatana para me aguentar na corrente e ao fim de alghuns mergulhos esgotantes la consegui desembaraçar o flotline eo Francisco la trouxe o arpao do Emi para cima...o Emi esgotado acabou por ficar no barco...nos fizemos mais umas dervas onde acabeu por perder um fulvie na casa dos 14 kilos para a nossa amiga Rosalina...
Cansados mudamos para o Cabeço onde na primeira deriva capturei uma enchada...de seguida o Francisco captura um Queen ja com um bom tamanho, uma especie de carangideo tipico destas paragens...eu acabo por atirar num golden que vai passar dentro de uns ferros no fundo perto dos 19 metros e acaba por enrolar-se todo...recuperar aquele peixe foi um terror...derivas numa corrente com mais de 8 nós, para descer 19 metros e ficar ali agarrado a tentar tirra o xareu com uns 13 kilos dos ferros...enfim...uma loucura...finalmente la me decidi a cortar um dos cabos dyneema e o Emi no mergulho seguinte trouxe o arpao e o xareu para cima...
Foi um dia esgotante, mas em excelente companhia onde toda a gente se divertiu, ate o Andre que apesar da directa foi um excelente elemento dinamico a bordo ajudando sempre na recuperaçao das armas e na subida a bordo dos caçadores...
Parabens ao Francisco pelo seu Queen (Scomberoides commersonnianus) e ao Andre pela sua ajuda e boa disposição!!!

Cronicas de 2008 - Era quase recorde...e afinal até era...

Bem vou resumir a aventura de hoje a dizer-vos que estavam uns magnificos 17 km / hora de ventinho Sul, a dar uma porrada desgraçada, a temperatura da agua baixou de novo para 21º o que leva o peixe para aguas mais quentes e as ondinhas massajaram-nos as costas durante 32 milhas até ao Baixo Danae...

Pelagicos nem vê-los, alias nem bolas de peixe havia, a visibilidade até nem estava má mas sem peixe de nada nos serviu...fomos concluir o dia um pouco mais dentro, onde a visibilidade era assustadora...uma verdadeira loucura..uns fantasticos 4 metros, que para dar de caras com um focinho daqueles menos desejados não é propriamente a ideal...enfim...


Apos algumas derivas sem efeito na Boia 1 Sul rumamos á segunda boia...muito timidos e pouco colaboradores, la estavam os Fulvies, uma especie de lirio cá da zona...e seguido a uma espera ja longa lá consegui meter ferro a um que após uns 10 minutos de luta lá subiu a bordo do Pompano...
Mudamos de zona e resolvemos apostar nos ferros do Cockburn, o tal farol submerso...
Feitas algumas derivas e após perder um Queen para a Rosalina, a nossa garoupa gigante residente, eis que a meio de uma espera me entra um Xareu Dourado...pelo tamanho que tinha a principio pareceu-me outro Fulvie e assim que o tive a tiro apercebi-me que era um Dourado e de bom tamanho...tiro feito...superficie...carreto trancado e boa luta entre puxa e deixa fugir para evitar que terminasse algures dentro daquele poço sem fundo que é a Rosalina...Mais tarde no clube NAval pesamos o Xareu e deu 15,890 kg...convencidissimo que o recorde do mundo eram os 16 kg, la mandei a rapazia arranjar o bicho ás postas e filetes...
...qual foi meu espanto quando já em casa e na conversa com o Marco descubro que afinal o recorde são 15,420 kg......apanhei um recorde do mundo e não o registei...e diz-me o Marco..
"...olha deixa estar...apanha mas é outro...".
..lololol...

Cronicas de 2008 - Um dia com as baleias...

Hoje fomos apenas passear e fazer um pouco de whale watching...
Fomos brindados com humpback's, (baleia de bossas) por todo o lado, inclusivé por uma que estava a amamentar e ali ficou durante uns bons 15 minutos.
Deixo-vos com alguns frames de uma pequena filmagem que fiz a bordo do nosso barco...as imagens falam por si...
Apos estas imagens digo-vos que nesta altura do ano caçamos a ouvir as baleias cantar pois estao por todo o lado...é a magia de Africa...

Cronicas de 2008 - O serra e a barracuda...

Aqui vai mais uma crónica de Moçambique...


Hoje era dia de muito peixe...hoje era dia de peixe grande...hoje as condiçoes metereologicas apontavam para um excelente dia de vento calmo com uma leve brisa do quadrante Este e a virar Norte mas só par o fim da tarde......hoje...bem hoje era dia de ir ao Funguwana, (tubarão em Maxangan)...

O Funguwana é uma zona de rocha, num fundo que varia entre os 16 e os 19 metros, onde a agua quase nunca limpa e a visibilidade media ronda os 3 a 5 metros...Aqui em regra está cheio de peixe...sobretudo peixe de fundo mas com excelentes exemplares de porte de diversas especies... e como o nome indica tambem é um local propicio para encontros com os nossos amigos "Tobias"... Saí de casa eram 03:55 Am...ás 04:20 Am ja tinhamos o barco na agua e estavamos a navegar para o "tal" famoso ponto, situado 43 milhas a Norte de Maputo...passado uma hora e de olhos postos no Farol Lacerda, (a marca de terra daquela zona) eis que chegamos ao Fungwana...

Mergulho após mergulho a desilusao foi total ao verificar-mos que quase todas as rochas estavam açoreadas e pouco restava senão um coral ou outro e uns poucos papagaios, aos quais em regra não damos caça a menos que seja para o tacho...

A solução encontrada foi rumar para fora e fazer alguns mergulhos no azul...Sem pássaros, nem bolas, a melhor solução é rumar para a zona da termoclina e apostar num flasher com bastante brilho e “barulhento” aumentanto as chances de avistar algo naquela imensidão azul...

Ao fim de alguns mergulhos, já o Vasco e o Emiliano tinham embarcado alguns serras de medio porte, resolvi então descer um pouco mais que os 15 metros habituais em busca de um serra maior...estes peixes andam fundo, ou pelo menos mais fundo que os wahoos, o marlin ou o veleiro, entram bem ao flasher com uma curiosidade natural que lhes é caracteristica e permitem lances de franca perseguição...

Dito e feito e eis que já em fim de apneia entram tres de bom porte, um pouco abaixo de mim...observo-os e ao sentir a sua confiança faço-me ao que está mais perto avançando um pouco mas apostando num tiro longo para não o assustar...a 130 com dois elasticos de 16mm cumpre na perfeição estes tiros entre os 4 e os 5 metros varando o serra de lado a lado...inicio a subida com calma observando o floatline que passa por mim bem rápido enquanto a arma sobe ao meu lado quase ao mesmo ritmo...mais metro, menos metro, a dança do costume e após uns 10 minutos está na mão e pronto a embarcar...



Mais alguns mergulhos e eis que avisto uma mancha preta larga e uniforme composta por formas longitudinais movendo-se em uníssono...são as barracudas apache, como aqui lhes chamamos, ou Sphyraena barracuda, as maiores da sua especie...muitos mais agressivas e lutadoras que a Sphyraena flavicauda, ou barracuda de cauda amarela, outra especie tambem presente em aguas Moçambicanas...deixo-me estar pois sei que não terei outra chance com o cardume pois está de passagem...espero o mai simovel que posso e quando ja estam perto viro-me para fora e começo a fugir lentamente...a segunda maior saí imediatamente da formação levando outras 5 com ela e dirige-se para mim...páro e deixo-me afundar...ela pára, dá o flaco para me observar o suficiente para um tiro perfeito na lateral...começa a festa...o carreto roda furiosamente levando quase todos os 40 metros antes de eu sequer chegar á superficie...tenho de a travar...agarro a dyneema o mais que posso até cortar a luva mas consigo chegar lá acima...tranco o carreto enquanto sou rebocado e passo a acção para a dyneema recuperando metro a metro, braço a braço, sempre para o lado de fora para nao ficar enrolado...35 metros depois está á minha frente...agarro o arpao com força enquanto ela luta como pode numa tentativa de morder o braço, a mão ou o que estiver perto...um puxão rapido no arpão e coloco uma mao junto ao corpo enquanto a outra agarra do outro lado...está pronta para por no barco...estes peixes não são particularmente dificeis mas é aqui na ultima parte da recuperaçao que se dão os acidentes...com aqueles dentes garanto-vos que a dentada não é nada agradavel...



Antes do terminar o dia ainda visitamos alguns locais mais perto de terra onde capturamos mais uns xareus, uma garoupa e alguns pargos...

Abraços de Africa...e boas caçadas!!!

Cronicas de 2008 - Um Domingo no azul...

São 04:30 da manhã..

...o despertador toca afirmando o começo da jornada, que invarialmente se inicia com um bom banho para despertar as ideias e reconfortar a alma, que num misto de noite mal dormida e alguma ansiedade, é trazida do mundo dos sonhos para a realidade por aquele som desconfortavél desse objecto metalico arredondado que dia após dia teima em acordar-me...

Findo o banho, vem a celebre olhadela pela janela que anuncia uma manhã calma e quase sem vento, prenuncio de uma viagem descansada até ao azul...
..ligo ao Emiliano..."Como é, estás pronto ou ainda se dorme por aí?...hoje é para o Baixo!!!...não há vento"... e ouço aquele "...tou aí em 5 minitos..."...com uma voz de quem acabou de acordar...
Há tempo para um beijo á criançada e á Katia, entre uma sandes e uma banana... duas festas no gato e uns minutos depois estou no carro onde já se ouvem discursos empolgados sobre mar chão, peixe grande e outros devaneios...
Chegados ao Clube Naval, o barco ja está pronto desde a noite anterior e com tudo a bordo é só po-lo na rampa, testar o VHF, fazer os ultimos preparativos a bordo e aí vamos nós rumo ao Baixo St. Maria...
...uma hora depois chegamos ao Hell's Gate, que hoje embora sem vento aparenta alguma ressaca dos ultimos dias...passamos sem problemas, sempre com aquela ansiedade propria desta barra que continua a fazer virar muito barco......20 minutos depois estamos no Baixo...há alguma vaga...a visibilidade não é das melhores mas a passagem de um cardume de wahoos atrás de uma bola de carapau é suficiente para por toda a embarcação em alvoroço......entre "...dá cá a minha mascara...olha aí as barbatanas...isso é a minha arma..." e uma boa disposição reinante, marca-se o cabeço do Baixo, que fica mesmo no inicio do drop, desenrolam-se os floatlines, entram as boias na agua e com todos já a postos inicia-se a subida da corrente para a primeira deriva...
Entro na agua...ajeito a arma...coloco alguns metros de floatline na mão para libertar na descida evitando ter de puxar directamente pelas boias...fecho os olhos e ventilo...o flasher já se encontra a 12 metros desafiando os serras que certamente la andam em baixo......estou pronto...afundo...ao descer chegam os carapaus em corrida de um lado para o outro...páro a 10 metros e observo á minha volta...quando olho para baixo recebo calmamente o primeiro visitante do dia com uma ferradela na parte da frente daquela cabeça achatada tão tipica dos tubarões martelo...o desgraçado la se vai embora um pouco confuso com a má educação daquele individuo que tinha ido comprimentar...mas enfim a minha sempre me disse para não dar conversa a estranhos...lol...
...passado algum tempo vejo o Emiliano a subir com a arma descarregada e o Vasco também...o do Emi consegue escapar e ao fim de 20 minutos ja se apercebe um serra no fim do floatline do Vasco que o trabalha metro a metro com a calma tipica que estas recuperações exigem...Enquanto o Emi carrega a arma e o Vasco dança com o serra entram os wahoos e gera-se a confusão...um a querer carregar, o outro a gritar para mim gesticulando e apontando para o fundo e eu a tentar ventilar o melhor que posso no meio daquela confusão...
Desço devagar na vertical...mantenho a arma colada a mim...são três e o maior ja se encontra longe...rodo para ajustar a trajectoria e páro...estou a 12 metros e o ultimo wahoo está a 8 metros de mim...preciso de mais 2 e é meu...traço uma paralela ao wahoo e devagarinho desloco-me na ,mesma direcção que ele sem manter contacto visual...nao tardou muito para este entrar uns metros...estendo a arma devagar...ele pára...e eu atiro...o tiro sai longo e muito por cima apanhando-o na parte traseira perto da barbatana dorsal...deixo-o seguir pois sei que se agarrar o floatline o tiro não aguenta e o peixe vai-se rasgar...Ja na superficie sigo as boias sem agarrar e peço ao Emi para me seguir para o dobrar...ao fim de 15 minutos e de o trabalhar centimetro a centimetro bem devagar lá o consigo ver...o Emi mergulha, dobra com um tiro longo e está feito o primeiro peixe do dia...




De novo na agua nado em direcção á bola que se encontra agora a "fervilhar"...olho e vejo-os...sao os "Fobby's", uma especie de lirio com uma mancha preta a meio do corpo...é o prenuncio da chegada do Verão e do inicio das águas quentes...é um cardume ainda grande...afundo uns 15 metros e com a bola a fechar por cima de mim aguardo pacientemente...o carapau foge denunciando a direcção da entrada destes "lirios" africanos...o braço estica a 160 e o arpão cumpre na perfeição um tiro a 7 metros e em cheio na cabeça do exemplar escolhido...como é tipico deles, este saí a todo o gás levando consigo as boias...o tiro foi optimo e agarro o floatline da subida, travando-o como posso pois tenho de evitar que chegue ao fundo...a luta dura um bom bocado com ambos os entrevenientes a nao quererem ceder nem um milimetro...
Ganha a batalha e já nas minhas mãos, este segundo peixe do dia é um optimo exemplar para a especie...


Já com algumas apneias feitas e o "pulmão aberto" é altura de ir um pouco mais fundo tentar "aquele" serra que está a faltar...
Ventilo-me bem e sem pressas...tiro o tubo da boca e afundo... sei que a viagem vai ser longa por isso vou com calma, equalizando metro a metro...chegado aos 23, vejo o fundo lá mais a baixo...páro por ali e aguardo...ao longe uma sombra acinzentada avizinha-se e conforme se aproxima começam-se a notar os contornos tipicos de um serra de porte...deixo-o chegar mais perto ignorando-o e fazendo-o sentir confiante...é agora, estico a arma e começa a corrida...este peixe caça-se muitas vezes assim na perseguição, correndo para ele a bom ritmo e este afastando-se...quando sinto que é o momento coloco-me nas suas costas o que o obriga a virar para me ver...dá o corpo, e no mesmo segundo o arpão voa ao seu encontro...bem ferrado arranca e eu inicio a longa subida...sao 27 metros e mesmo após uma corrida atrás do peixe, não há espaço para pressas nem motivos para isso...chego á superficie um pouco cansado...nado até ás boias e inicio a lenta recuperação...
Quando ja o tenho quase nas maos arranca de novo...repete esta manobra vezes sem conta ate se cansar como é tipico desta especie e é aqui que se costumam perder pois rasgam-se facilmente mas a ponta destacavel faz o serviço de uma forma exemplar e assim embarco o ultimo peixe do azul deste dia...

Cansados mas felizes pois este foi praticamente o primeiro dia decente de caça no azul este ano rumamos para casa...antes ainda fazemos uma paragem nos sitios do costume dando direito a mais uns pargos dos quais destaco este magnifico pargo vermelho, fruto de uma caída a 18 metros...



E assim correu o dia no Baixo com mais uma aventura em águas do Indico, neste continente onde o sol nasce no mar...

Cronicas de 2008 - Um Sabado em Outubro...






Após umas duas semanas de mau tempo, as fotos de satelite e as previsões anunciavam uma manhã sem vento, com Sul a levantar a 18 km por hora mas apenas á tarde...
Era altura de sair...
O Emiliano há muito que devia uma saida de barco daquelas tipo churrascada com a familia e assim teve de ser senão a namorada prometia longas semanas de "greve"...
Assim sendo lá fui mais a minha barqueira dar um mergulho no Baixo St. Maria.



O barco entrou na rampa já tarde, por volta das 08:00 da manha e rumamos até ao Hell's Gate...uma hora mais tarde chegamos a St. Maria e lá estava o Emi e a sua "tropa" toda já instalados na praia...acenamos e partimos para fora...
O Hell's Gate até estava acessivel e passamos quase sem sobressaltos..Vinte minutos depois estamos por cima do cabeço mesmo no drop exterior do Baixo St. Maria...
Era um daqueles dias epicos, com mar chão, sol com fartura, uma visibilidade de 15 a 20 metros, baleias á volta, peixe voador por todo o lado e uma tremenda bola que fugia á superficie de um lado para o outro...
Perante tal visão equipei-me rapidamente e mesmo antes de saltar para a água vemos um veleiro sair quase todo fora e "bater" um peixe voador com o bico mesmo á nossa frente......bem, melhor que isto impossivel, pensei eu para mim...entro na agua de 160 em riste e faço um primeiro mergulho logo ao lado do barco só para verificar a visibilidade...vindo do fundo e aí a uns 15 metros aparece um serra excelente, na casa do 20 a 30 kilos...afundo um pouco mais e faço-me a ele...persigo com calma até me colocar mesmo atrás em linha com a cauda o que o obriga a virar e dar o corpo para me ver...aponto...ele vira...primo o gatilho...e eis que no segundo a seguir levo com a coronha da arma na mascara, o vido parte, entra agua e vidros por todo o lado...isto a 23 metros de fundo......bem...é um daqueles momentos em que a calma realmente compensa...tirei a mascara, abri os olhos e la fui andando devagar para a superficie...desanimado subi para o barco, puxei o floatline e arma e acabei por verificar que o shooting line tinha enrolado no cabo de aço da ponta destacavel o que parou o arpao a meio da trajectoria fazendo a arma recuar violentamente para trás...Para cumulo no meio disto tudo, a minha mascara de substituição estava com o Emi na praia para os miudos poderem nadar e ver uns peixinhos...
Restava-me regressar á praia e deixar para trás aquele magnifico cenário bem gravado na minha mente...depois de me darem a segunda mascara e com a maré ja mais cheia as vagas no Hell's ja tinham subido e resolvi regressar...
Pelo caminho parei nas boias de marcação da zona Sul...um mergulho em cada uma e um peixe...Já quase de regresso a casa eis que avista-mos algo a boiar...ao chegar-mos perto deparamo-nos com um corpo a boiar de cabeça para baixo, já inchado, com cerca de 4 a 5 dias pelo menos...uma visao macabra num dia que nem por isso correu bem...
Aqui ficam os dois peixes do dia...

Uma enchada...



E uma cobia...






Há dias estranhos...

Cronicas de 2008 - Um Domingo de Setembro...


Hoje saímos tarde e a más horas...
Após três dias de vento intenso, alguma chuva e muita vaga hoje o mar acalmou um pouco e lá fomos nós ver no que dava...
Rumamos para o canal de St. Maria e ao chegar ao "Hell's Gate"...bem o Hell está lá...agora o Gate nem por isso...lol...estava intransponivel...vagas e vagalhões por todo o lado...mesmo dentro do canal...
De volta por dentro rumamos ao Baixo Danae...visibilidade zero, mar com uma força de fundo tremenda, muita vaga, inclusivé a rebentar na zona baixa onde estão os destroços de navios afundados...hoje deu bem para ver porquê ali...
Tornamos a sair em busca de água mais limpa, acabamos por entrar no azul na zona dos "Jeremias", pequenas rochas num fundo que vem dos 60 metros até aos 27 naquele ponto...com a visibilidade fraquissima e a ausencia de peixe rumamos para dentro e acabamos por ir ás boias de marcação do canal Sul...
Ao chegar-mos á boia 1 Sul a agua teria uns fantasticos 6 metros de visibilidade nos primeiros 10 metros e depois...bem depois piorava com aquela força de fundo toda...lol...passando para uns belissimos 4 a 3 metros...lol...
Em regra com este cenario e 19 metros para fazer até ao fundo a unica coisa que nos passa pela cabeça no meio do escuro é...dentes...lol...barbatanas e coisas assim...
Determinado a apanhar um peixe lá me fiz ao fundo...páro um pouco a meio da descida, junto á corrente da boia para observar a meia água á procura de alguma barracuda de bom porte que por vezes frequenta esta zona quando as condiçoes estao assim...nada...decido continuar até ao fundo...
....ao chegar aos 16 metros e tres metros do fundo eis que surge no meio do verde um par de Ignobilis...assim que me vêem param a cerca de 4 metros de mim e no limite da visibilidade...sei que se quero capturar um deles tenho de agir rápido senao fogem para fora de vista...estou ao lado da poita e um tiro mal dado ali dará direito a "enrolanço" na corrente ou arpão cortra o cimento vezes sem conta...estes animais são possuidores de uma força tremenda e não se rogam a duras lutas...no meio de tanta contemplação eis que um foge...bem dou um golpe de barbatanas aponto e já no limite tento um tiro na espinha, logo a seguir ás guelras...o tiro é bom, passa o peixe mas um pouco acima da espinha...abro o carreto e inicio a subida, metro a metro trabalho o peixe para o afastar da corrente...páro de novo a cerca de 8 metros da superficie para lhe dar um "puxão" pois pelas minhas contas e com a dyneema naquela direcção mais um pouco de folga e vai-se enrolar...resulta e sinto-o a mudar de direcção...
Atinjo a superficie já exausto mas contente...tranco o carreto mantendo sempre a tensão...chamo pelo Emiliano que prontamente agarra a minha arma e me passa a dele para rematar...ventilo-me durante dois minutos e sigo de novo para o fundo...seguindo a dyneema dou de caras com ele, ainda cheio de força...aponto, espero...espero e primo o gatilho...está dado o remate...de volta á superfie...de volta ao barco...agora já mais calmo contemplo o unico peixe de hoje tirado em sintonia com a minha dupla...
Assim foi um Domingo de Setembro bem passado na companhia do Emiliano Finocchi...