AFRICAN SPEARFISHING DIARIES - VOLUME 3

AFRICAN SPEARFISHING DIARIES - VOLUME 3
Comming soon...

Cronicas de 2008 - Um Domingo no azul...

São 04:30 da manhã..

...o despertador toca afirmando o começo da jornada, que invarialmente se inicia com um bom banho para despertar as ideias e reconfortar a alma, que num misto de noite mal dormida e alguma ansiedade, é trazida do mundo dos sonhos para a realidade por aquele som desconfortavél desse objecto metalico arredondado que dia após dia teima em acordar-me...

Findo o banho, vem a celebre olhadela pela janela que anuncia uma manhã calma e quase sem vento, prenuncio de uma viagem descansada até ao azul...
..ligo ao Emiliano..."Como é, estás pronto ou ainda se dorme por aí?...hoje é para o Baixo!!!...não há vento"... e ouço aquele "...tou aí em 5 minitos..."...com uma voz de quem acabou de acordar...
Há tempo para um beijo á criançada e á Katia, entre uma sandes e uma banana... duas festas no gato e uns minutos depois estou no carro onde já se ouvem discursos empolgados sobre mar chão, peixe grande e outros devaneios...
Chegados ao Clube Naval, o barco ja está pronto desde a noite anterior e com tudo a bordo é só po-lo na rampa, testar o VHF, fazer os ultimos preparativos a bordo e aí vamos nós rumo ao Baixo St. Maria...
...uma hora depois chegamos ao Hell's Gate, que hoje embora sem vento aparenta alguma ressaca dos ultimos dias...passamos sem problemas, sempre com aquela ansiedade propria desta barra que continua a fazer virar muito barco......20 minutos depois estamos no Baixo...há alguma vaga...a visibilidade não é das melhores mas a passagem de um cardume de wahoos atrás de uma bola de carapau é suficiente para por toda a embarcação em alvoroço......entre "...dá cá a minha mascara...olha aí as barbatanas...isso é a minha arma..." e uma boa disposição reinante, marca-se o cabeço do Baixo, que fica mesmo no inicio do drop, desenrolam-se os floatlines, entram as boias na agua e com todos já a postos inicia-se a subida da corrente para a primeira deriva...
Entro na agua...ajeito a arma...coloco alguns metros de floatline na mão para libertar na descida evitando ter de puxar directamente pelas boias...fecho os olhos e ventilo...o flasher já se encontra a 12 metros desafiando os serras que certamente la andam em baixo......estou pronto...afundo...ao descer chegam os carapaus em corrida de um lado para o outro...páro a 10 metros e observo á minha volta...quando olho para baixo recebo calmamente o primeiro visitante do dia com uma ferradela na parte da frente daquela cabeça achatada tão tipica dos tubarões martelo...o desgraçado la se vai embora um pouco confuso com a má educação daquele individuo que tinha ido comprimentar...mas enfim a minha sempre me disse para não dar conversa a estranhos...lol...
...passado algum tempo vejo o Emiliano a subir com a arma descarregada e o Vasco também...o do Emi consegue escapar e ao fim de 20 minutos ja se apercebe um serra no fim do floatline do Vasco que o trabalha metro a metro com a calma tipica que estas recuperações exigem...Enquanto o Emi carrega a arma e o Vasco dança com o serra entram os wahoos e gera-se a confusão...um a querer carregar, o outro a gritar para mim gesticulando e apontando para o fundo e eu a tentar ventilar o melhor que posso no meio daquela confusão...
Desço devagar na vertical...mantenho a arma colada a mim...são três e o maior ja se encontra longe...rodo para ajustar a trajectoria e páro...estou a 12 metros e o ultimo wahoo está a 8 metros de mim...preciso de mais 2 e é meu...traço uma paralela ao wahoo e devagarinho desloco-me na ,mesma direcção que ele sem manter contacto visual...nao tardou muito para este entrar uns metros...estendo a arma devagar...ele pára...e eu atiro...o tiro sai longo e muito por cima apanhando-o na parte traseira perto da barbatana dorsal...deixo-o seguir pois sei que se agarrar o floatline o tiro não aguenta e o peixe vai-se rasgar...Ja na superficie sigo as boias sem agarrar e peço ao Emi para me seguir para o dobrar...ao fim de 15 minutos e de o trabalhar centimetro a centimetro bem devagar lá o consigo ver...o Emi mergulha, dobra com um tiro longo e está feito o primeiro peixe do dia...




De novo na agua nado em direcção á bola que se encontra agora a "fervilhar"...olho e vejo-os...sao os "Fobby's", uma especie de lirio com uma mancha preta a meio do corpo...é o prenuncio da chegada do Verão e do inicio das águas quentes...é um cardume ainda grande...afundo uns 15 metros e com a bola a fechar por cima de mim aguardo pacientemente...o carapau foge denunciando a direcção da entrada destes "lirios" africanos...o braço estica a 160 e o arpão cumpre na perfeição um tiro a 7 metros e em cheio na cabeça do exemplar escolhido...como é tipico deles, este saí a todo o gás levando consigo as boias...o tiro foi optimo e agarro o floatline da subida, travando-o como posso pois tenho de evitar que chegue ao fundo...a luta dura um bom bocado com ambos os entrevenientes a nao quererem ceder nem um milimetro...
Ganha a batalha e já nas minhas mãos, este segundo peixe do dia é um optimo exemplar para a especie...


Já com algumas apneias feitas e o "pulmão aberto" é altura de ir um pouco mais fundo tentar "aquele" serra que está a faltar...
Ventilo-me bem e sem pressas...tiro o tubo da boca e afundo... sei que a viagem vai ser longa por isso vou com calma, equalizando metro a metro...chegado aos 23, vejo o fundo lá mais a baixo...páro por ali e aguardo...ao longe uma sombra acinzentada avizinha-se e conforme se aproxima começam-se a notar os contornos tipicos de um serra de porte...deixo-o chegar mais perto ignorando-o e fazendo-o sentir confiante...é agora, estico a arma e começa a corrida...este peixe caça-se muitas vezes assim na perseguição, correndo para ele a bom ritmo e este afastando-se...quando sinto que é o momento coloco-me nas suas costas o que o obriga a virar para me ver...dá o corpo, e no mesmo segundo o arpão voa ao seu encontro...bem ferrado arranca e eu inicio a longa subida...sao 27 metros e mesmo após uma corrida atrás do peixe, não há espaço para pressas nem motivos para isso...chego á superficie um pouco cansado...nado até ás boias e inicio a lenta recuperação...
Quando ja o tenho quase nas maos arranca de novo...repete esta manobra vezes sem conta ate se cansar como é tipico desta especie e é aqui que se costumam perder pois rasgam-se facilmente mas a ponta destacavel faz o serviço de uma forma exemplar e assim embarco o ultimo peixe do azul deste dia...

Cansados mas felizes pois este foi praticamente o primeiro dia decente de caça no azul este ano rumamos para casa...antes ainda fazemos uma paragem nos sitios do costume dando direito a mais uns pargos dos quais destaco este magnifico pargo vermelho, fruto de uma caída a 18 metros...



E assim correu o dia no Baixo com mais uma aventura em águas do Indico, neste continente onde o sol nasce no mar...

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